Cripto dólar ganha força: entenda por que stablecoins estão desafiando o câmbio tradicional

Cripto dólar ganha força: entenda por que stablecoins estão desafiando o câmbio tradicional

O aumento do IOF e a nova regulação americana impulsionam o uso de stablecoins no Brasil. Veja como o “cripto dólar” funciona e por que ele pode ser uma alternativa segura e eficiente para transferências internacionais.

O novo cenário do câmbio no Brasil

O governo brasileiro aumentou as alíquotas do IOF para operações de câmbio. Agora, remessas pessoais ao exterior pagam 3,5 % de imposto (antes era 1,1 %), e investimentos fora do país têm IOF de 1,1 % (subindo de 0,38 %). Isso encarece bastante o envio de dinheiro por meios tradicionais.

Enquanto isso, uma alternativa tem ganhado destaque: as stablecoins, moedas digitais com paridade direta ao dólar. Como elas não passam pelo sistema oficial de câmbio, estão isentas de IOF, o que desperta o interesse de quem busca soluções mais econômicas e rápidas para transações internacionais.

O que são stablecoins, afinal?

Stablecoins são criptomoedas lastreadas em ativos estáveis, geralmente o dólar americano. Cada unidade equivale, em teoria, a US$ 1. Os dois principais exemplos são:

  • USDT (Tether)
  • USDC (USD Coin)

Essas moedas digitais são emitidas por empresas que mantêm reservas em dólar para garantir o lastro. A operação acontece em redes blockchain, o que permite transferências rápidas, baratas e globais.

💡 Na prática: enviar USDC para alguém nos EUA pode ser mais barato e rápido que usar bancos ou corretoras tradicionais.

Regulação nos EUA traz mais segurança

Em julho de 2025, o Congresso americano aprovou o GENIUS Act, criando uma estrutura legal para stablecoins emitidas por empresas nos EUA. Esse marco:

  • Estabelece regras de transparência e auditoria de reservas
  • Exige que emissores operem sob supervisão federal
  • Proíbe a emissão sem respaldo financeiro real

Além disso, outros projetos complementares como o Clarity Act (que define limites entre criptoativos e valores mobiliários) e o Anti-CBDC Act (sobre moedas digitais estatais) também foram aprovados. O resultado é um ambiente regulatório mais claro e seguro — algo que o setor vinha esperando há anos.

Por que isso importa para brasileiros?

A combinação entre IOF alto no Brasil e regulação nos EUA faz das stablecoins uma alternativa viável para:

  • Remessas de dinheiro ao exterior
  • Proteção cambial (hedge contra o real)
  • Compras internacionais
  • Pagamentos de freelancers e prestadores de serviço globais

Além disso, o uso de stablecoins dispensa a intermediação bancária. As transações são feitas entre carteiras digitais, com taxas baixíssimas e registro permanente na blockchain. Basta ter uma wallet como a MetaMask, Trust Wallet ou mesmo contas de corretoras como Binance ou Mercado Bitcoin.

Como funciona

Vamos simplificar o processo para você entender como o “cripto dólar” realmente circula:

  1. Compra da stablecoin
    Você compra USDC ou USDT em uma corretora brasileira usando reais (via Pix, TED ou boleto).
  2. Envio para carteira digital
    Após a compra, transfere-se o valor para uma carteira digital ou cold wallet própria (ex: MetaMask, Ledger), que opera na rede Ethereum, Solana ou Tron, dependendo da moeda.
  3. Transferência internacional
    Com a stablecoin na sua carteira, você pode enviá-la diretamente para outra carteira em qualquer lugar do mundo. A transação é validada em segundos ou minutos, com taxa que pode variar entre centavos e poucos dólares, dependendo da rede usada.
  4. Conversão para moeda local (se necessário)
    A pessoa que recebe pode manter o valor em stablecoin ou trocar para a moeda local em uma corretora estrangeira.

🔒 Como as transações ficam registradas na blockchain, há transparência total, o que ajuda na segurança e na rastreabilidade — ideal para quem busca mais controle.

O uso está crescendo no Brasil

Os dados mostram que essa tendência já está se consolidando:

  • Em junho de 2025, os brasileiros negociaram R$ 9,63 bilhões em USDT, alta de 32 % em relação ao mês anterior.
  • O volume de stablecoins ultrapassou o de muitas criptomoedas “tradicionais”, mostrando que o uso não é mais nichado.

E quanto à legalidade no Brasil?

Atualmente, as stablecoins não são formalmente reconhecidas como instrumentos de câmbio pelo Banco Central. Porém, não são ilegais. Elas são vistas como ativos digitais, e o BC já iniciou discussões para incluir criptoativos na estrutura regulatória cambial.

Isso significa que, por enquanto, é possível usar stablecoins para enviar e receber valores — mas é importante acompanhar as atualizações da regulação local.

Conclusão: mais que tendência, uma transição

A ascensão das stablecoins representa uma mudança prática na forma como lidamos com dinheiro internacional. Não se trata de apostar em promessas, mas de entender o funcionamento de um novo sistema financeiro digital, baseado em transparência, eficiência e autonomia.

Se você quer continuar aprendendo sobre esse universo de forma clara, responsável e sem cair em promessas de lucros fáceis, há materiais que podem ajudar. Um bom começo pode ser este conteúdo sobre Cripto sem medo, que apresenta conceitos essenciais para quem quer investir com mais consciência.

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